quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


Meus olhos estavam embaçados,
Burlados por pensamentos...
Alguém me perguntou para que lado ficava a estação de trem,
Mas não soube responder...
Deram-me uma garrafa de vinho.
Pensei: - Há veneno nesse liquido?
Enquanto pensava, dei o primeiro gole para chegar a alguma conclusão.
Que sorte foi essa que me acometeu?
Nunca tive sorte para nada!Para nada!
Sustentei-me em uma árvore, perto do bosque,
Que fica bem no centro de Beau Village.
Como essa cidade é linda!
Clara sumiu… sumiu…!
Talvez não goste dos meus vinhos baratos,
Nem dos meus cigarros, nem do meu cheiro!
Paradigmas para quê?
Não tenha fé Clara!
Não acredite!!!!
Você está certa, não acredite no amor!!!
A conclusão foi: - Era um bom vinho!

Thomas

sexta-feira, 28 de outubro de 2011



Os olhos cor de mel... Sim, mel!
Eram doces como tal.
E Clara não resistia aos meus beijos,
Aos meus dedos deslizando leve em suas costas despidas.
Ouvia atentamente o meu lamentar da chuva e sorria como que não se importa.
Chamava-me passando a língua nos dentes de morder lábios,
- Thomas, volte para cama!
E eu me perdia na chuva e na língua,
Na curva de sua cintura, nos quadris falantes de Clara.
Ah! Como era bela aquela visão dionisíaca e botticellesca!
Não adiantava relutar, seria um disparate relutar
e tentar de qualquer forma sair correndo na chuva,
Certamente seria uma decisão errônea.
Corri para os braços de Clara e pensei:
- Sozinho não, junto sim.
Puxei-a pela mão e dançamos na chuva,
Amei-a com furor e deleite até a exaustão!
Acordei, como sempre, sozinho e molhado.


Thomas


sábado, 1 de outubro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vou olhar nos meus olhos e dizer
Tudo que é preciso.
Não vou poupar-me,
Mesmo que eu tenha que abrir os meus olhos com uma navalha e
Assim, enxergar o que me parecia impossível.

Thomas
Pelo jeito, estas respostas não estão nos livros...


Thomas

quinta-feira, 22 de setembro de 2011


Não sei...
Hoje tudo some numa neblina densa,
O sol não aquece,
A bebida não embriaga,
A cama não esquenta,
A comida não apetece.
Os teus passos, tuas mãos,
Tuas pernas não te trazem mais.
Olho... Olho tanto para aquela porta
E você não volta,
Só soube ir... Ir e pronto!
Mas, acho que fui eu quem deixou você ir,
E de tanto te deixar,
Você me deixou.
Por que sei que
De tanto te olhar,
Você me olhou
De tanto te amar,
Você me amou,
Te tanto te querer,
Você me quis,
Te tanto eu gritar,
Você gritou
E quando eu parei,
Você continuou... Continuou...
E eu fiquei aflito e só.
Com medo de estar só.
Sem jeito de fazer-me companhia,
Sem paciência para conversar comigo.
Então, resolvi desprezar-me e mantive silêncio.
Ah! Como eu queria ser embalado
Pelos braços de algum anjo azul,
E ser aquecido e protegido,
E assim,
Poder sentir-me como se estivesse dentro de um útero
E dormir... Dormir...
Olhei mais uma vez para a porta
E você...?
Hoje tudo some numa neblina densa...


Thomas
Eu tenho medo,
não solte-me.




Thomas


Haverá de existir paz nesse coração?
Haverá de ser simples sorrir?
Dormir e acordar?
Haverá um dia que eu não sinta angústia?
Hoje acordei chorando,
Fui dormir chorando.
Febre e frio absorvem-me,
Consomem-me numa ânsia desproporcional!
Quanto alarde, diria Clara com sua calma:
- Não é para tanto Sr. Thomas. Estou aqui!
Ó céus! Por quê?
Para quê me queres vivo?
Haverá um dia de paz?
Somente um?                                   



Thomas
Vou esticar o tempo,
E ver se ganho tempo,
Pra te reconquistar!


Thomas

quinta-feira, 15 de setembro de 2011





Onde estão os meus cigarros?



Thomas


Vou embora,
Já que você pegou a única coisa que me pertencia...






Thomas
 
Clara... Você está aí?
Clara...?
Estas paredes espreitam meus passos,
Estes sapados não me levam mais a lugar algum!
A amálgama inescrupulosa das últimas lágrimas,
Ainda permeam o meu quarto,
Ainda infringem o meu espaço,
O meu ser, o meu caco, meu asco, o meu saco!
 Já me perguntei, tantas vezes,
Por que você.
Logo você, que me despreza.
Que só aparece quando quer, quando lhe convém...
Sinto-me abandonado, desprotegido,
 Desguarnecido de minh´alma.
Só queria um abraço, Clara. Um único abraço.
E aí sim, minhas angústias fugiriam do teu cheiro, do teu calor,
Destes olhos tranquilos...
Ás vezes sádicos, mas mesmo assim, afáveis...
E a certeza que tenho.
A única certeza que eu tenho,
 É que eu não sei...
Não sei, por que me deixo levar,
Sempre para os baús que estão etiquetados o teu nome.
Tudo aqui tem poeira,
Menos estas etiquetas.



Thomas

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vertigem!
Ah! as maravilhas do amor são tão passageiras...
Você estava andando do outro lado da lua...foi a última vez que a vi...


Thomas

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Rondaste o meu castelo solitário
como um rio de vozes e de gestos;
baixei as minhas pontes fatigadas
e conheci teus lumes, teus agrados
teus olhos de ouro negro que confundem;
andei na tua voz como num rio
de fogo e mel e raros peixes belos,
cheguei na tua ilha e atrás da porta
me deste o banquete dos ardores
teus."
Assim, sem querer fim...
sem desejar volta...
sem querer estar...
sem querer ir...
sem querer chegada...
sem querer partida...
minguar...
Chamamos de Saudade... 



Thomas

quinta-feira, 8 de setembro de 2011



Olhai as feridas desse coração, pois, já não é mais necessário olhar a beleza do meu corpo...uma vez que você me deixou...

Thomas

Hoje estou destilado, mutilado e frio.
Vagando vagarosamente entre os copos de vodka, conhaque e rum.
Das fendas do meu peito escorrem frases com o teu nome.
Todas contendo o teu belo nome; Clara... Clara...
Hoje já não sou mais um entusiasta de Botticelli,
Hoje eu cultuo Munch.
Quero que alguém grite as palavras de Rimbaud,
Eu quero o bafo do abismo soprando em minha cara,
Quero cortinas vermelhas na sala,
Clara onde você está agora?
Eu queria tudo isso,
Se não pensasse que
Estes cômodos vazios, estas gotas que não param de cair de minha face,
Este sangrar sem fim, não me aflingissem tanto.
Sou uma fonte inesgotável de lágrimas.
Já não quero mais esse amor rugindo em meu peito,
Quero o descanso dos braços maternos.
 E poder revisitar Vênus e sorrir.
E sentir a primavera sem ásco ou culpa.
E cheirar a vida, como quem cheira as flores quando está apaixonado.

Thomas

Os rostos somem... Uma multidão apagada vaga pela Avenida Paulista...
Um homem, com uma placa no pescoço está estático, na placa está escrito: quer um abraço? Mas, os transeuntes continuam suas caminhadas para dentro dos arranha-céus...
A multidão sem rosto...


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Meu coração gagueja o nome daquele amor...
Engasga no sangue venoso,
Tropeça nas batidas... Batidas...
Um ponto, um nó, uma vela ou um gole de vinho barato,
Já não sabe mais para quê servem tais coisas.
Ga...ga...gueja...


Thomas
Na ânsia de ver-te, não me vi,
Nunca mais me vi...
E na lapela do meu paletó, ainda está,
Costurado a ouro
 E pó da última calçada que eu caí,
o teu nome posto a furos pela agulha do desejo.
Mas, na ânsia de ter-te novamente, não me tive,
Nunca mais me tive...
Quero te resgatar, mas não sei em que parte de mim está...
Quero ser livre,
Mas quero ser teu para sempre,
Quero não querer,
Ficar sem vontade,
Mas, o desejo é o que me move.
Quero morrer,
Mas, já que disse que não queria querer,
Não quero mais,
Mesmo sabendo que ainda estou querendo...
Te querendo..

Thomas

sábado, 27 de agosto de 2011


Vaga coração!Vaga...
Quantos vagões ainda há em ti,
Para ser preenchido com de doces amantes
E tantos outros momentos a serem lamentados?
Momentos em não está com sua ALMA?
Vaga coração...
Sabe que acabar chegando em uma única estação
Que interessa;
Nos braços da companhia fulanesca
de sempre.
Que te espera...espera...espera...

Thomas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

José Castello, biógrafo e escritor, trava então o seguinte diálogo com Clarice Lispector:



J.C. "— Por que você escreve?

C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"

J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."

C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."


sábado, 20 de agosto de 2011


Mil olhos

Eu estava sendo observado.
Cada piscar de olhos,
Cada gesto, por menor que fossem.
O meu colocar e tirar de mãos dos bolsos da calça,
Eu estava sendo observado.
Pedi um café, mas minhas mãos permaneceram intáctas,
Pois, se as tirassem dos bolsos, seriam observadas,
Minhas unhas, veias, rugas, dedos...
E lembrei imediatamente, que durante o pedido,
Os meus lábios foram observados.
Cada abrir e fechar de minha boca.
Eu estava sendo observado.
Havia mil olhos a observar-me,
Sem piscar.
Mil olhos das mais diversas cores;
Negros, azuis, verdes, castanho-claros e escuros, mel, em fim...
Eu estava sendo observado,
Por mil olhos que não pescavam.
Pensei em sair sem beber o café,
Retirar-me daquele lugar,
Depressa!
Mas, como eu poderia andar,
 Fugir de mil olhos?
Eu sentia o peso de mil olhos... Mil olhos em mim...
Quis fumar um cigarro. Como eu queria fumar um cigarro,
Mas, as minhas mãos...
Fiquei ali, por horas e horas, estático.
Ansiedade... Apreensão... Nu!
Despido de mim!
Eu estava sendo observado,
Por mil olhos.
E bruscamente tirei as mãos dos bolsos,
Acedi um cigarro.
Tomei o café em um único gole,
Sair do restaurante,
Traguei profundamente o cigarro e saí.
Vi Clara passando do outro lado da rua,
Numa pressa única.
Corri em sua direção,
Atravessei a rua sem olhar,
Fui atropelado,
Acordei no hospital com mil bocas sorrindo para mim.

Thomas

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os meus sapatos
estão encharcados...tantas lágrimas...quanta saudade....
Onde estão os teus lenços Clara???

(Thomas)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ana Jácomo por Ana Jácomo

"...graças a alguns muitos antibióticos. Preciso cair no mundo e arrumar meios de subsistências..."


"...Na clareza que liberta, ao lembrar ser capaz de fazer escolhas pela própria vida, escolheu sair daquele lugar, passo a passo, gentileza a gentileza, no tempo que fosse necessário. Agora, poderia contar de novo consigo mesma. Renovar, gesto a gesto, o compromisso com o próprio coração. Sentir-se responsável pela própria felicidade com a confiança de quem recorda o que realmente mais lhe importa. E com uma vontade toda nova de, primeiro, desfrutar a dádiva da própria lindeza e do próprio amor."

Ana Jácomo

 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Schroeter e Foucault:

Schroeter: O amor é um estado de graça, de afastamento. Numa discussão, há alguns dias, com Ingrid Caven, ela dizia que o amor era um sentimento egoísta, pois não olha o parceiro.

Foucault: Pode-se perfeitamente amar sem que o outro ame. É uma questão de solidão. É a razão pela qual, em algum sentido, o amor é sempre cheio de solicitações de um para com o outro. É aí que está sua fraqueza, porque pede sempre algo ao outro, enquanto que, no estado de paixão entre duas ou três pessoas, há algo que permite comunicar intensamente.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


Chupe todo esse medo de minha boca,
e só assim
eu direi: Eu te amo.

Thomas





Para todo morador de rua
Há um cachorro  que lhe faça companhia
Um cachorro que olha nos olhos
verdadeiramente
Que te dá carinho, mesmo precisando
Que abana o rabo, mesmo sem receber um sorriso
Eu fui expulso do castelo do amor
sem ao menos receber uma garrafa de vinho
para enfrentar as noites frias...
Estou na rua! Na rua! E, parece que não há mais cachorros por aqui!
Estou só. 


Thomas


...Hoje eu acordei meio lírio, meio azul...
Com a chuva molhando minhas pétalas...
E eu toda molhada...
Assim, toda flor...


(Clara quando acordou.)

Thomas
...Hoje eu acordei meio lírio...meio azul...com a chuva molhando minhas pétalas e eu toda molhada...assim...toda flor...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Seguro loucura...


Os dias vão passando...
Enquanto os livros vão me dizendo palavras...quantas palavras...
E vou permanecer aqui...intácta,
Como uma traça esquecida em alguma página
Que não foi folheada pelas mãos da criança curiosa,
Nem pelas mãos pesadas dos adultos
Mas, o meu seguro loucura é imenso
E é nele que eu permaneço...penso...fico e adormeço!
Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...
Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Sem querer te perdi tentando te encontrar
por te amar demais sofri, amor
me senti traído e traidor
Fui cruel sem saber que entre o bem e o mal
(...)

A paixão veio assim afluente sem fim
rio que não deságua
Aprendi com a dor nada mais é o amor
que o encontro das águas
Esse amor
hoje vai pra nunca mais voltar
como faz o velho pescador quando sabe que é a vez do mar
Qual de nós
foi buscar o que já viu partir, quis gritar, mas segurou a voz,
quis chorar, mas conseguiu sorrir?
Quem eu sou
pra querer
Entender
O amor"

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Eu hoje joguei tanta coisa foraEu vi o meu passado passar por mim

Cartas e fotografias gente que foi embora.

A casa fica bem melhor assim

O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu

E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz

Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu"