Mil olhos
Cada piscar de olhos,
Cada gesto, por menor que fossem.
O meu colocar e tirar de mãos dos bolsos da calça,
Eu estava sendo observado.
Pedi um café, mas minhas mãos permaneceram intáctas,
Pois, se as tirassem dos bolsos, seriam observadas,
Minhas unhas, veias, rugas, dedos...
E lembrei imediatamente, que durante o pedido,
Os meus lábios foram observados.
Cada abrir e fechar de minha boca.
Eu estava sendo observado.
Havia mil olhos a observar-me,
Sem piscar.
Mil olhos das mais diversas cores;
Negros, azuis, verdes, castanho-claros e escuros, mel, em fim...
Eu estava sendo observado,
Por mil olhos que não pescavam.
Pensei em sair sem beber o café,
Retirar-me daquele lugar,
Depressa!
Mas, como eu poderia andar,
Fugir de mil olhos?
Eu sentia o peso de mil olhos... Mil olhos em mim...
Quis fumar um cigarro. Como eu queria fumar um cigarro,
Mas, as minhas mãos...
Fiquei ali, por horas e horas, estático.
Ansiedade... Apreensão... Nu!
Despido de mim!
Eu estava sendo observado,
Por mil olhos.
E bruscamente tirei as mãos dos bolsos,
Acedi um cigarro.
Tomei o café em um único gole,
Sair do restaurante,
Traguei profundamente o cigarro e saí.
Vi Clara passando do outro lado da rua,
Numa pressa única.
Corri em sua direção,
Atravessei a rua sem olhar,
Acordei no hospital com mil bocas sorrindo para mim.
Thomas
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