sexta-feira, 23 de março de 2012



Dentro desse sótão
Há tantas coisas;
Blusas usadas na infância,
Cartas da primeira namorada,
Pijamas que nunca sonharam,
Poeira de tantos anos,
Cheiro de mofo,
Numa caixa azul o cheiro de minha mãe,
Cheiro de saudade no ar de repente...
Uma velha carteira do meu pai,
Garrafas que devoraram meu pai...
Pétalas secas de algum buquê...
Digitais de alguém,
Relógios marcando o tempo para os objetos,
Trabalhando em vão...
Quadros, gravuras,
Paisagens de lugares que nunca conheci.
Bússola apontando para o norte.
Mapas, atlas...
Livros que fazem peso, outros que me fazem leve.
Cadernetas de dívidas antigas,
Frascos vazios de perfumes dela...
Cata-vento,
Balões murchos,
Maços de cigarros velhos,
Cores empoeiradas,
Uma faca para matar Clara,
Botões, pena, nanquim,
Citara sem cordas, giz, sapatos,
Tintas secas...
Um baú de couro,
Dentro uma moeda de ouro.
Fantasmas que não acabam mais...
Sou um coveiro desajeitado,
Tenho um cemitério de coisas que não sei cuidar,
Por que, também não soube quando elas estavam vivas.


Thomas

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