sexta-feira, 30 de março de 2012


Quanto ao frio,
Acredito que une os casais




















E enche as tabernas.



















Thomas




Quantos caminhos você vê?
Quanto mel ainda
Há em tua boca?




Thomas

quinta-feira, 29 de março de 2012

Para mim, Clara,
O amor é como um sonho;
Vivemos enquanto dormimos
E lembramos quando estamos acordados.

Thomas

sexta-feira, 23 de março de 2012



Dentro desse sótão
Há tantas coisas;
Blusas usadas na infância,
Cartas da primeira namorada,
Pijamas que nunca sonharam,
Poeira de tantos anos,
Cheiro de mofo,
Numa caixa azul o cheiro de minha mãe,
Cheiro de saudade no ar de repente...
Uma velha carteira do meu pai,
Garrafas que devoraram meu pai...
Pétalas secas de algum buquê...
Digitais de alguém,
Relógios marcando o tempo para os objetos,
Trabalhando em vão...
Quadros, gravuras,
Paisagens de lugares que nunca conheci.
Bússola apontando para o norte.
Mapas, atlas...
Livros que fazem peso, outros que me fazem leve.
Cadernetas de dívidas antigas,
Frascos vazios de perfumes dela...
Cata-vento,
Balões murchos,
Maços de cigarros velhos,
Cores empoeiradas,
Uma faca para matar Clara,
Botões, pena, nanquim,
Citara sem cordas, giz, sapatos,
Tintas secas...
Um baú de couro,
Dentro uma moeda de ouro.
Fantasmas que não acabam mais...
Sou um coveiro desajeitado,
Tenho um cemitério de coisas que não sei cuidar,
Por que, também não soube quando elas estavam vivas.


Thomas

Estou pasmo com a tua indecência!
Nunca pensei que pudessem ser tão indecente
Clara!
De tal forma, tão impetuosa,
Ardente... Excitante!
Lamber e morder os lábios e sair sem beijar-me?
Precisava usa a língua?
A boca?
Precisava usar os dentes? A saliva?
Precisava sair sem beijar-me?
Era realmente preciso deixar-me tão acre,
Tão cítrico logo pela manhã?
Ah! Quanta perturbação isso me traz!
Ah! Quanta indecência,
Nessa tua boca...!
Essa tua boca é uma indecência Clara!

Thomas

terça-feira, 20 de março de 2012

Inconcebíveis

Prendi os cachorros,
Soltei os leões no quintal,
Coloquei a cama na sala,
A mesa de jantar no banheiro,
As plantas no quarto,
Coloquei os peixes na gaiola,
Os pássaros no aquário,
Fui dormir na piscina
E quis te esquecer... Coisa tão difícil de conceber
Como todas as outras que fiz antes...

Thomas

sexta-feira, 9 de março de 2012

E assim ela se foi,
Não olhou para trás, como de costume.
Incólume aos meus olhos pedintes,
E a tudo que nos cercava naquele momento profundo,
Tudo ficou raso.
Eu te tenho tão pouco aqui
E tanto longe
Lá...
Tenho-te sempre lá... Em algum lugar
Que não posso tocar ou ir.
Quanta inexorabilidade numa boca
Que tem gosto de algodão doce.
Intangível Clara!
Sempre indo...
Indo demais para lugares que desconheço.
Acho que só conheço um lugar,
Aquele que você está.
Depois perco o eixo,
Esbarro-me nas fronteiras do globo terrestre
 como um nômade tolo e bêbado!
Bem que podia se arrepender e voltar...uma só vez.


Thomas