Abra a garrafa
Deixe o vinho respirar...
Reserve a pressa aos garotos
Que não sabem beijar sem ter a ereção antes dos olhos e do olhar.
Cheire a rolha, respire...
Deslize o líquido sagrado no vão da taça,
Sinta as notas tilintarem
Em suas papilas gustativas,
Explosões! Explosões...!
E caia em meus braços
Gritando Sauvignon, Merlot, Malbec e tantas outras! !
Thomas
Meu amor se ramifica nas paredes do teu corpo,
Penetrando por entre os poros dilatados,
Enroscando em teus pêlos,
Embrenhando em teus cabelos,
Segurando teus seios,
Amarrando tuas mãos,
Puxando tua cintura,
Molhando a tua boca.
Thomas
Mesmo com esse inverno rigoroso,
Meu coração insiste em cultivar flores de cores diversas e odores infindáveis.
Que se ramificam intensamente a cada segundo.
Thomas
Abandonei-me em águas turvas,
Caí em beijos fadados ao fracasso,
Não fui sereno, pois não tive tempo de sê-lo.
Nunca soube deveras como amo, com os meus olhos calmos e nunca saberá.
Pois sempre causou-me uma certa angústia...
Portanto, nunca de fato me fez pleno.
Apenas Clara, esta que sempre me deu paz até a alma sabe como sou eterno e sereno.
Clara soube me amar e recebeu todo o meu amor, porque entreguei-me sem medo e sem pressa.
E valerá por muitas vidas. ..!
Thomas
Soltou os cabelos,
Realçou a maquiagem,
Aprendeu sobre Jazz,
Comprou um piano,
Conheceu vinhos, massas, queijos, beijos, seios e mãos.
Frequentou universidades,
Feiras alternativas,
Aperfeiçoou o vocabulário,
Aumentou o decote,
Visitou cafés e espeluncas.
Sorriu e chorou.
Limou a cor rosa, deu preferência ao preto e o vermelho.
Unhas sempre curtas para deleites.
Não gritava mais, gemia para a Vida.
Gostava de dormir com os pés em cima dos meus.
E como toda fruta que amadurece caiu do pé,
calçou seus sapatos e foi embora acenando tchau com o meu xale azul.
Thomas
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